Volúpia
Eu quero em teus lábios de volúpia feminina,
Nos cantos malditos da viola,
Embriagar a minha alma solitária e ardente
Junto dos braços da espanhola...
E sentir tua rósea face descarnada corar
Arder na febre d’uma paixão
Vibrando as cordas da lira virgem silenciosa,
No palpitar puro do coração!
Nas vagas imagens de róseos corpos carnais
Deflorei teu botão em flor,
No ranger dos corpos em um suspiro amoroso
Deixei-lhe os fluidos do amor
Não me culpes, embora meu corpo tão gasto
Em orgias de noites anteriores
Uniu-se a tua alma ao menos uma vez sequer,
Libertando-a dos seus pudores,
Debalde, tornei-me um amante das orgias,
E meu sepulcro se tornou leito,
Haveria senão de teu corpo nu em languidez
Se contrair junto de meu peito?
Contudo, leve ao teu seio róseo e furta-cor,
Um breve canto lamentoso,
Como a poética dos suspiros da mocidade,
A cerrar-te os olhos num gozo!
Vem mulher, que minha alma te deseja,
Em soluços da casta letargia,
Beijar-te a face núbia em santa languidez
Na cópula da orgástica orgia!