Esguia

A curva

Ela curva no seco cálculo que instiga

e sinua

começa na cauda firme e vai às pontas duras

ela explícita

distorce os cantos quadrangulares da cadeira

e está puta

lhe olham tanto que sua imagem quase curva

é turva

sua cintura mente os números da elipse

é língua

lambe o encosto que de longe esmola

se projeta

e acompanha-se na luxúria dos soslaios

ela escorre

pelos olhos e nos lábios do meu tato

como gato

a curva negra se encurva contr’a beira

eu incauto

olho-a sinuosa encostando-se no nada

ela vira

os carvões me observam como’s d’um corvo

desinibida

ou não nota ou lisonjeia-se c’os afoitos

tão esguia

vira de novo para ver de volta o guia

e vadia

todos os olhos caem de novo em sua bacia.