Por que tu não vens?
A noite hoje está tão fria...
Pela janela, contemplo a garoa que cai lá fora.
Enquanto aqui dentro de mim, há um calor sem fim...
Estou com febre! Febre de amar... Febre de desejos...
Febre que tortura, desespera e possui nessa hora...
Hora essa que avança pela madrugada...
Enquanto estou tão só, e ao meu redor,
Apenas a companhia do silêncio ensurdecedor...
Lágrimas e lágrimas escorrer por sobre minha face,
Sento-me próxima à lareira, enquanto sorvo a taça de vinho...
Estou carente, com tanto desejo a me percorrer agora...
Involuntariamente minhas mãos me percorrem suavemente,
Meus lábios se contraem, meus seios enrijecem, o tesão impera!
Tocando-me entre lágrimas e desejos, chamo por teu nome...
Penso em ti, em onde estarás, se também pensas em mim...
Tanto desejo! Acariciando-me, tocando-me e chamando-te...
Ah, meu amado... Por que tu não vens? Por que não vens?
Por que torturas-me deixando-me assim, querendo-te?
Sinto-me frustrada, por tal feito, mas não há outro jeito...
Como aplacar e controlar esse calor que em mim se aflora,
Que me queima, que teima, em fazer-me sua frágil refém?
Pedi aos céus que me trouxessem você, mas sei pode ser!
Nem sei se também tu pensas em mim agora, nessa hora...
Nem sei se acaso outros braços agora te aquecem...
Nem sei se há outra agora que tu amas, que tu chamas...
Mas aqui estou, apaixonada e de desejos tomada a te chamar...
Por que, minha paixão, tu não vens, só por hoje, só por agora?
Vem fazer de mim a tua amada amante, tua mulher,
Tua menina, tua fêmea, tua loba, tua fera selvagem!
Faça-me tua, me possua! Me pegue, me ame! Não se negue!
Estou cansada de sentir apenas o toque de minhas mãos,
Toda noite, é meu açoite essa tão solitária situação...
Será então, esta a unica coisa que me resta
Noites solitárias, carentes, frias, e totalmente vazias?
Amor... Por que tu não vens? Por que tu não vens?