A Febre
O desejo insano consome os corpos desnudos
Do pudor de outrora...
Seguem assim os dois amantes errantes
Cegos pelo cio da fera languida.
O suor escorre pelas costas
A língua do varão toma para si
A boca tremula diz palavras desconexas
O hálito febril procura a boca carnuda,
Da mulher sedenta e despudorada
Apenas o desejo absurdo de sucumbir
A fraqueza carnal dos amantes
Enroscados... Entrelaçados... Enlaçados...
Brincam entre lençois de pura seda negra
Não se sabe onde uma começa e outro termina
Feito duas salamandras jogadas ao fogo
Unidos... Encaixados... Despidos...
Entre gemidos e frases inacabadas...
Chega sublime momento do coito
Após o deleite outrora. Abandonados,
Suados em meio a secreções e odores secretos.
Homem e mulher exaustos
Entre pura seda negra.
Mãos entrelaçadas olhares profundos
Os amantes esperam a febre passar.