Dama da Noite
Sob o lume que adentra o meu quarto
por entre as frestas da antiga janela
uma a uma vejo-as caídas pelo chão
Diante do meu olhar...
pétala a pétala ela se despe
Seduzindo-me com tua beleza efêmera
enredando-me em seu delicioso aroma
Das flores que enfeitam o meu jardim
és de todas e sem dúvida a mais bela
Nossos corpos nus enlaçados
contemplam-se... e se completam
Somos tu e eu... Almas gêmeas
Prazer que toda nossa pele reveste
Em meio aos lábios que ardem e queimam
Os teus rubros e variados tons carmim
Cio evolado de tuas úmidas cavernas
onde embebido me perco, me acho em euforia
Inebria-me o gozo nascente entre as tuas pernas
recôndito de minhas reais e tão loucas fantasias
Fez-me seu amado e zeloso jardineiro
macho ardoroso e tão fiel amante
que sucumbe resignado entre gemidos
enquanto sussurras teus apelos delirantes
Embevecido diante de tuas floradas
a cada novo pôr do sol anseio por ti
Flor amada... Senhora dos meus enleios
orvalhada... intensa... louca de desejos
Trazendo em tua boca voraz e sedenta
a dádiva suprema que são os teus beijos
Momentos eternizados em lindos poemas
escritos nos brancos lençóis, à luz de velas
Guardados junto a pétalas de alfazema
pintados ente as quatro paredes de uma tela
Em que todas às noites em meus braços
a flor sem pejos sobre a minha cama
de sonhos enluarada, desabrocha Dama