SEM MODÉSTIA

“Que me perdoem as lindas”, mas neste momento, efêmero como a própria vida, é a mim que tu desejas!

São os meus pés que imaginas tocar como um sapatinho de cristal e lamber como a um picolé de limão em dias de verão. Enquanto aprecias a suave fluidificação de minha cascata.

É nas minhas pernas que pretendes enroscar-te feito serpente que se eleva para abocanhar a doce maçã.

No meu abdômen, volumoso sim, quente, macio onde anseias descansar em beijos afoitos, tomando fôlego para chegares ao teu momento de completa indecisão: direito ou esquerdo? E escolherás bem: ambos! Um de cada vez.

Silenciosamente, segurando-o como a um pão onde te fartarás da fome tanta cultivada por tua imaginação.

E nem pensas em parar por aí. Pois tua boca tem uma sede (que não cessa) e ainda desejarás beber na avidez de meus lábios, língua e dentes.

O teu olfato quer brincar no meu regaço, sentindo a fragrância já de nossa mistura.

E como prêmio à tua suposta idolatria, eu, deusa do teu desejo, permitofereço o encaixamento total de nossos seres.

E teu falo, desesperado, entranhado em nosso êxtase, esgota-se.

Tombas tu, tombo eu!

ANA ALCANTARA
Enviado por ANA ALCANTARA em 19/02/2012
Código do texto: T3508604
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