Acesos
ACESOS
Jorge Linhaça
POA, 24/05/2007
Acesos os corpos se tocam,
gasolina e fogo vizinhos,
percorrem as mãos os caminhos,
as bocas gemidos sufocam.
O sangue nas veias em erupção,
abrasados seres sem freio,
buscando mistérios e entremeios,
aquecidos na brasa da paixão.
Mãos que deslizam, agarram,
alisam, apalpam, acarinham...
As bocas que não se separam,
cabelos que se desalinham.
Línguas ávidas de gostos,
percorrendo curvas e fendas,
recebendo em si as oferendas,
prazer estampado nos rostos.
Os cheiros tão misturados,
como os corpos em combustão,
perfume de desejo e tesão,
pelo quarto assim espalhado.
Gemidos, sussurros, impropérios,
os sons do ato concretizado,
o prazer há tanto desejado,
deixa de ser enfim um mistério.
O fogo bruxuleia cansado,
a brasa se faz adormecida,
até a próxima investida,
de dois corpos apaixonados.