Lua em transe

As minhas mãos,

para desencanto da família,

não são senão as operárias da poesia.

Olga Maria Scuoteguazza

Lençóis rasgam, falam...

As paredes tem ouvidos!

A lua em transe observa

Nosso esconderijo.

Fecho a cortina de seda,

Penumbra na alcova!

Areia movediça.

Línguas se arranham,

Tecendo teia, feito aranha.

Atiço, atiça.

Cio, ceia, santa agonia!

Pudor? Nenhum!

Amor? Dois em um,

Sorriso chora.

Calo, sussurra...

Estremece, arrepios!

Chama em brasa

Fogo, pavio.

Infinitas estrelas,

Finito segundos

Por um fio...

Conta gotas de sêmen!

No ar: Perfume da mulher!...

E odor de água sanitária!...

O lobo uiva!... a gata mia!...

Farto feno entrelaçados,

Quebrados corações de vidro blindado.

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 17/01/2012
Reeditado em 18/01/2012
Código do texto: T3445776