Lua em transe
As minhas mãos,
para desencanto da família,
não são senão as operárias da poesia.
Olga Maria Scuoteguazza
Lençóis rasgam, falam...
As paredes tem ouvidos!
A lua em transe observa
Nosso esconderijo.
Fecho a cortina de seda,
Penumbra na alcova!
Areia movediça.
Línguas se arranham,
Tecendo teia, feito aranha.
Atiço, atiça.
Cio, ceia, santa agonia!
Pudor? Nenhum!
Amor? Dois em um,
Sorriso chora.
Calo, sussurra...
Estremece, arrepios!
Chama em brasa
Fogo, pavio.
Infinitas estrelas,
Finito segundos
Por um fio...
Conta gotas de sêmen!
No ar: Perfume da mulher!...
E odor de água sanitária!...
O lobo uiva!... a gata mia!...
Farto feno entrelaçados,
Quebrados corações de vidro blindado.