Fragmentos da madrugada





Lua solitária
no céu dengosa
encobre-se morosa
deixando ver
parte de si
provocando o sol
que está p´ra nascer

Pássaros cansados
às árvores sobem
fêmea que sabe
como atrair
Canto se espalha
asas a bailar
atraindo machos
para a disputa
assim ela decide
com quem copular

Nas avenidas e becos
corpos se encontram
olhares se cruzam
boca que solve
beijo roubado
por aquele gatuno 
que a pouco passou
olhando exitado

Em um recanto
teu voar tem poso
No início, lírio
mais tarde, martírio
com muito alarde
no final, delírio


Colo ofertado
abraço negado
assim te deixo
desejo e cansaço
sem saber o que faço
em um quase desumano
te faço sofrer
só ao final
te deixo pensar
que és meu amo

Com mente ardente
inspiração do céu
resolvo abater
a fera que sonha
um predador ser
Em seu apogeu
enebriado não viu
que não passou de
um vigoroso escravo
 
dos caprichos meus






 
Maria Celene Almeida
Enviado por Maria Celene Almeida em 12/01/2012
Reeditado em 13/01/2012
Código do texto: T3436879
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