Fragmentos da madrugada
Lua solitária
no céu dengosa
encobre-se morosa
deixando ver
parte de si
provocando o sol
que está p´ra nascer
Pássaros cansados
às árvores sobem
fêmea que sabe
como atrair
Canto se espalha
asas a bailar
atraindo machos
para a disputa
assim ela decide
com quem copular
Nas avenidas e becos
corpos se encontram
olhares se cruzam
boca que solve
beijo roubado
por aquele gatuno
que a pouco passou
olhando exitado
Em um recanto
teu voar tem poso
No início, lírio
mais tarde, martírio
com muito alarde
no final, delírio
Colo ofertado
abraço negado
assim te deixo
desejo e cansaço
sem saber o que faço
em um quase desumano
te faço sofrer
só ao final
te deixo pensar
que és meu amo
Com mente ardente
inspiração do céu
resolvo abater
a fera que sonha
um predador ser
Em seu apogeu
enebriado não viu
que não passou de
um vigoroso escravo
dos caprichos meus