POEMA À DESCONHECIDA
um vestido leve desfilava
em seu corpo
quase um palco
mas não o era
era o sol, um sol manso
porém inebriante a olhos
e mentes
uma flor que tinha uma
luz
beleza ímpar, quase lúdica
de tão simples, quase voa
em seus passos-asas
um desfile na passarela
dos olhos
quase um som
(apenas o dos aplausos dos olhos)
todos,
os velhos e os novos
e os outros
todos
quase unanimidade
mas não havia idade
uma brisa leve batia
no rosto
dando uma suavidade angelical
aos cabelos
e um ar sensual aos olhos
olhos-mar
(quase mergulho)
visão de abrolhos
(mergulhei)
quase choro,
não fora um riso
de esguelha no olhar
quase morro,
não fora a luz a me sugar
como em espelho
o tecido corria pelo corpo
(brincadeira de criança)
fazia curvas com maestria
quase ria do chão,
tijolos sem graça
cantava a canção aos olhos
harmonia celestial
e ia sem pressa,
ligeiramente pura
quase cândida,
levemente santa
(mas parecia me convidar)
seguia indiferente
eu a invejar o calçamento
aqueles tijolos sem graça
que podiam ver mais
profundamente...
perdi-me dos olhos,
seres curtos;
viajei pelos passos da
imaginação
(tempo infindo)
pelas passarelas construídas
na mente, à beira-mar
suave brisa e cheiro bom
saíam do vestido que corria
pelo corpo
fazendo uma folia etérea
nas curvas sinuosas da
minha visão