POEMA À DESCONHECIDA

um vestido leve desfilava

em seu corpo

quase um palco

mas não o era

era o sol, um sol manso

porém inebriante a olhos

e mentes

uma flor que tinha uma

luz

beleza ímpar, quase lúdica

de tão simples, quase voa

em seus passos-asas

um desfile na passarela

dos olhos

quase um som

(apenas o dos aplausos dos olhos)

todos,

os velhos e os novos

e os outros

todos

quase unanimidade

mas não havia idade

uma brisa leve batia

no rosto

dando uma suavidade angelical

aos cabelos

e um ar sensual aos olhos

olhos-mar

(quase mergulho)

visão de abrolhos

(mergulhei)

quase choro,

não fora um riso

de esguelha no olhar

quase morro,

não fora a luz a me sugar

como em espelho

o tecido corria pelo corpo

(brincadeira de criança)

fazia curvas com maestria

quase ria do chão,

tijolos sem graça

cantava a canção aos olhos

harmonia celestial

e ia sem pressa,

ligeiramente pura

quase cândida,

levemente santa

(mas parecia me convidar)

seguia indiferente

eu a invejar o calçamento

aqueles tijolos sem graça

que podiam ver mais

profundamente...

perdi-me dos olhos,

seres curtos;

viajei pelos passos da

imaginação

(tempo infindo)

pelas passarelas construídas

na mente, à beira-mar

suave brisa e cheiro bom

saíam do vestido que corria

pelo corpo

fazendo uma folia etérea

nas curvas sinuosas da

minha visão

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 09/12/2011
Reeditado em 19/12/2011
Código do texto: T3380540