ANSIOSA PERDIÇÃO
Ah, bela vampira, a que viestes?
Despertando com doçura sangrenta sede,
Atacando os sentidos que não me obedecem,
Inflamando a loucura do desejo que vedes.
Não sou eu quem te procura,
Mas essa angústia que qualquer razão cala
E tua lembrança que reacende a quentura
Deste corpo que há muito tempo não fala.
Serei eu sua próxima vítima?
Entregar-te-ei meu pescoço em sacrifício?
Farás do meu tormento seu supremo ofício?
Percebo agora uma resposta nítida.
Pois a vida em meu sangue te oferece
As últimas gotas de uma teimosa esperança.
Até a morte ante tal feito se emudece
E joga-me em teus braços como uma inocente criança.