CANÇÃO NOTURNA

Telefone toca.

Visor indica teu codinome.

Corro e atendo.

Do outro lado da linha, uma voz rouca, sonora.

Violão ressoa e a canção começa.

És por mim, para mim, cada nota.

Inspiração, suavidade, beleza.

Sonhos chegam, sono não

E de olhos fechados, corpo encantado, as vozes e desejos se encaixam.

Lá fora, o mundo faz barulho

E aqui a gente se isola, numa bolha

Pra ouvir o som dos nossos segredos

Ou simplesmente, ficarmos juntos, em silêncio.

Nesse momento, não há mais medo, nem desamor

Não há pressa, nem expectativas vãs.

O sorriso estampa o rosto, sem testemunha

Tempestade de sensações, ações, reflexões

Paixão recente pede passagem

E por ela, me desfaço até das máscaras cotidianas.

De repente, sem constrangimento

Bocejos e despedidas sussurradas.

Telefone ao lado, ligado

Velando o sono da gente.

Perco-me no aconchego do teu corpo ausente.

Então agradeço, me entrego e adormeço.

Lenier
Enviado por Lenier em 19/11/2011
Código do texto: T3345044
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