CANÇÃO NOTURNA
Telefone toca.
Visor indica teu codinome.
Corro e atendo.
Do outro lado da linha, uma voz rouca, sonora.
Violão ressoa e a canção começa.
És por mim, para mim, cada nota.
Inspiração, suavidade, beleza.
Sonhos chegam, sono não
E de olhos fechados, corpo encantado, as vozes e desejos se encaixam.
Lá fora, o mundo faz barulho
E aqui a gente se isola, numa bolha
Pra ouvir o som dos nossos segredos
Ou simplesmente, ficarmos juntos, em silêncio.
Nesse momento, não há mais medo, nem desamor
Não há pressa, nem expectativas vãs.
O sorriso estampa o rosto, sem testemunha
Tempestade de sensações, ações, reflexões
Paixão recente pede passagem
E por ela, me desfaço até das máscaras cotidianas.
De repente, sem constrangimento
Bocejos e despedidas sussurradas.
Telefone ao lado, ligado
Velando o sono da gente.
Perco-me no aconchego do teu corpo ausente.
Então agradeço, me entrego e adormeço.