Palavras 0481 - Fêmea

Fêmea felina, abusada de desejos,

corpo brilhando com óleo de cheiro

e olhar fixo de libertina.

Seu pensamento é

de pecadora convicta,

aceitou o meu corpo

e me convida para deitar,

viro delírio, minto,

misturo o seu líqüido no meu,

deleito-me no seu leito,

gozo que esfolo e não me acanho,

arregaço as roupas e viro pecador.

O seu prazer me dá jeito,

enquanto lambo sua boca

faz coisas nos pentelhos,

ralando pelo chão te escravizo.

Deixo por baixo

pra afogar com beijo grande,

como no cavalo,

salto e pulo por cima,

pura felina no cio,

como bicho urra e geme,

enrosca que gruda e não deixa.

É suor que pinga,

vira molho de paixão e do prazer,

esqueço do choro e da tristeza,

mordo que até arranho com os dentes.

Que se danem os cheiros que excitam,

é o sexo à mostra, o feio que vira belo,

a felina vem com fome e me come,

me cega e bufa com vento que assopra

até que meu corpo cheira ranço.

O perfume dos sexos espalha no grito,

meus olhos fecham e abrem sem parar,

minha boca vira tocha

e queima no seu seio pontudo,

dizendo palavras obscenas,

me farto e gozo.

Meu hálito não cheira tesão,

o corpo melado e suado padece,

acabou o fungado, a euforia,

a felina também esmoreceu,

continua a pecadora extasiada de gozo

e não maldiz o prazer.

Cansados, ajeitamos os corpos na cama,

enrolamos-nos em lençóis manchados,

com marcas das noites e dos dias,

parei de escutar e recostei no corpo suado,

cansado do sentir fui adormecendo,

sem força dei um último beijo sem prazer.

19/10/2011