MEU PRETO
Percebi que nada
Poderia ser tão tudo
Quanto você mudo
Debaixo de mim
Olhando-me sério
Com ar de mistério
Assim observo
Tim-tim por tim-tim
Ô filho, não brinca
Não zoa,não pinta
Com essa menina
Que de tu ta afim
Não ilude esse peito
Que bate sem jeito
Querendo um sujeito
Que foge assim!
Delícia, não foge
Me pega e sacode!
Eu deixo,tu pode!
Eu faço baixin...
Teu corpo sarado
Tão marrom-dourado
Me furta em pecado
Me rouba de mim.
Meu peito é fraco
Tomado de assalto
Pergunta se eu quero:
Eu digo que sim!
Diante da cena,
Do seu corpo emblema
Parece um poema
Escrito em carmim...
Tu passa na praça
Minh'alma acha graça
Me sinto num leito,
Num mar de jasmim
Mas saiba: essa moça
Que agora te fala
e te canta em poesia,
Vai te sequestar
Aguarde o dia
Que a moça em agonia
Te arrasta e alicia
Pra gente brincar...
Então fica atento
meu preto-tormento:
Esse é momento
De aproveitar
Eu tiro sua roupa
Você me diz "Opa"
mas cala tua boca!
Vou me deslumbrar!
Não diga,não tema
Que só um poema
Não é o bastante
Pra divinizar
Essa linda cena
Do meu preto emblema
Em pêlo em meu quarto
Não dá pra explicar!
Não basta um beijo
Nem trova ou realejo
Não mata o desejo
De te observar
Meu sonho dourado!
Meu preto tarado!
te pinto num quadro,
Pra te eternizar...
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(Ao D.)