Beijo no Sempre
Andava eu, passos lentos sobre a calçada
e meu coração batia acelerado:
Que lembrança, ah! Que lembrança:
Seu lábio quente em minha boca.
Impedindo-me que falasse e dando-me tudo a dizer.
Não sei o tempo da eternidade.
Mas, sei que este momento a alcançou.
Eterno beijo eterno:
percorreu em um só segundo todo um universo.
Primeiro seus olhos fundos fincaram minha alma.
Em seguida seus dedos fortes percorreram minha nuca.
Seu olhar me perguntou. Posso?
Fiquei calada. A quietude dizia por mim.
Depois o movimento: sua boca em minha boca.
Nossas línguas se tocando, se cruzando.
Eu pensei naquele longo e interminável instante:
“entreguei-me: sou sua neste para sempre”.
Sei que vivi: fui feliz e infeliz e vivi tanto de tudo.
De tudo realmente não sei: mas, vivi forte e muito e fraca.
Mas, quanta vida vivi.
Igual àqueles minutos nunca.
Sua língua queimando-me a garganta.
Seu fôlego confundindo-se ao meu.
Não importa o que era antes.
O que fazer do que vem a ser depois.
Meus braços se entrelaçavam em seus braços.
Minha pele respondia à sua pele.
E nós fizemos à vida rodar veloz e silenciosa
no tempo em que não há relógio.
O seu beijo. Ah àquele beijo.
Hoje mora na saudade eterna.