Beijo no Sempre

Andava eu, passos lentos sobre a calçada

e meu coração batia acelerado:

Que lembrança, ah! Que lembrança:

Seu lábio quente em minha boca.

Impedindo-me que falasse e dando-me tudo a dizer.

Não sei o tempo da eternidade.

Mas, sei que este momento a alcançou.

Eterno beijo eterno:

percorreu em um só segundo todo um universo.

Primeiro seus olhos fundos fincaram minha alma.

Em seguida seus dedos fortes percorreram minha nuca.

Seu olhar me perguntou. Posso?

Fiquei calada. A quietude dizia por mim.

Depois o movimento: sua boca em minha boca.

Nossas línguas se tocando, se cruzando.

Eu pensei naquele longo e interminável instante:

“entreguei-me: sou sua neste para sempre”.

Sei que vivi: fui feliz e infeliz e vivi tanto de tudo.

De tudo realmente não sei: mas, vivi forte e muito e fraca.

Mas, quanta vida vivi.

Igual àqueles minutos nunca.

Sua língua queimando-me a garganta.

Seu fôlego confundindo-se ao meu.

Não importa o que era antes.

O que fazer do que vem a ser depois.

Meus braços se entrelaçavam em seus braços.

Minha pele respondia à sua pele.

E nós fizemos à vida rodar veloz e silenciosa

no tempo em que não há relógio.

O seu beijo. Ah àquele beijo.

Hoje mora na saudade eterna.

Neusa Azevedo
Enviado por Neusa Azevedo em 01/09/2011
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