Versos suculentos
Versos suculentos...
É do gosto, sim, que me traz amor a alma tua,
da mesma cor dos olhos baços do teu vil retrato
que de ti tirou os meus, certo dia, já cansados,
em um atmo infiel de eterno tempo,
após eu ter provado os açúcares de todos os teus venenos,
como se só de dor vivesse minha alma.
Hoje o teu beijo já me é insípido e inodoro
e sou eu esse cadáver escrevinhador ou o outro homem que adormecido morre,
vagando no silêncio dos surdos ouvidos de minhas memórias.
Vivendo, recrio instantes de alegria,
driblando pesadelos escolhos lindos sonhos,
sou da carne o que pela carne me proponho:
ser cigano fixo de úmidos desertos ,
um cego que vê ou algum poeta incestuando os versos!