BRINCADEIRA ATREVIDA
Faz de conta que eu era
Aquele que não sabia brincar,
Que só de olhar
Já ficava perguntando
Se era de verdade ou mentirinha;
Que não confiava nas historinhas
De João e Maria.
Mas a brincadeira era gostosa
Fazia-me sorrir e dava prazer;
Com tantas coisas pra fazer
Algumas poucas eu fazia.
E você, Divina, brincava
Sabia a verdade e não me dizia...
- “Pra que? Se tu já estás brincando?”
E eu quase adorando
Não me esquivava, não fugia.
Mas passava o tempo,
Passávamos as mãos,
Alguns poucos nãos
E muitos suspiros.
As poucas roupas que tiro
Já era da brincadeira.
Não sei se curandeira
Ou parte do meu espírito,
Contava histórias recentes
Remexendo meu passado
E como quase logrado
Eu ia ficando tonto.
Depois de muitos espasmos,
De beijos com carinho e solidão,
Não se dizia mais não
Nem brincando de casinha.
Nossas mães (vidas) nos chamando:
- Tá na hora de voltar!...
Ninguém quis chorar
Querendo brincar mais,
Pois agora já tanto faz
Se era faz de conta ou agonia.