FETICHE

No estreito quarto da imaginação

Dispo do pudor que me enclausura

Visto tua pele em meu corpo e amo

Experimento pouco à pouco essa loucura

Que ganha a avassaladora forma d'um vulcão

Diviso da realidade a espessura

E do sonho toda vastidão

Na inevitável erupção me inflamo

Diante do espelho a tatear co'a mão

Tua pele sobre a minha pele

Transpirando em mim a mesma emoção

Faço de ti minha secreta identidade

Deito sobre estrelas espalhadas pelo chão

Acordo desse transe molhada de purpurina

Será verdade ou pura obsessão?

Tua pele amontoada em um canto

E o desejo extasiado de ilusão

Cubro-me do pudor, a roupa de menina

Saio do estreito quarto da imaginação...

"__ Viu minha pele por aí?

__ Sinto muito, amigo, não vi não!"

( Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, 1999)

Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 07/12/2010
Reeditado em 14/10/2011
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