Confesso que tentei

São estranhas as mãos que descobrem

meu corpo

em passeio tardio,

minhas terras aveludadas

e frias...

A boca que de mim me alivia é desconhecida

e pura:

saboreia cores, ritos e suores;

bebe da fonte de lava quente;

engole os suspiros,

os sustos,

o silêncio.

Os olhos de puro tição escuro adentram

aos umbrais da floresta densa,

devastada.

E queimam a alma; desbravam segredos arduamente reconstituídos,

registram à posteridade meus olhos marejados,

minha face lívida,

finalmente acalmada.

O prazer dentro do meu prazer,

ao redor do meu prazer,

estremece troncos e nuvens;

pesam os corpos e, quem sabe,

uma chuvinha fina venha brilhar sobre as folhas, ao luar.

As mãos caminham, calmas:

a curva quase casta da garganta,

a quase reta curva da cintura,

o monte do qual se aprecia o amanhecer...

Não há retorno, e são estranhas,

as mãos.

Gina Girão
Enviado por Gina Girão em 24/10/2009
Reeditado em 05/09/2013
Código do texto: T1884797
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