A Boca
E beijar a boca que essa garrafa de água molha
A boca que me adora, a boca que me devora
Que me engole e que me mata a sede
A boca de coração, por onde meu coração se perde
A boca divina, que me promete o paraíso
Que me fala besteiras que necessito ouvir
Que me jura amor, que me provoca
e pede para que a deliciosa tortura cesse.
A boca que guarda os alvos dentes que rosnam,
que se cerra para gemer.
E que esconde a alma mortal, a língua viva, indecente
Objeto maior da minha luxúria e do meu desejo
que despeja versos em meu ouvido,
que se enrola em versos para lamber o José,
que saliva ante aos olhos verdes.