A Floresta Amazônica
A HILÉIA
As florestas tropicais eu as conheço,
nelas sinto-me pleno de alegrias,
passo nelas, em vacâncias, vários dias,
gozando duma paz que não tem preço.
Seus perigos porém eu os conheço
e assim , por conhecê-los os evito,
os localizo fácil, e se os fito
deles me afasto e sigo outro caminho,
e a selva me trata com carinho
pois também faço parte do infinito.
Porém aos que seus códigos desconhecem,
e por tal ignorância não os respeita,
a selva é como a morte que espreita
uma vítima indefesa que aparece;
e seu vergel tão lindo , e que parece
obra prima de mestres inspirados,
em breve o cercará dos quatro lados
e seus meandros, em dédalos afigura,
após passar a noite horrenda e escura ,
nem vestígios haverão dos passos dados.
Ao tentar penetrar-lhe nos liames,
o ser humano esbarra na grandeza
que emana da própria natureza,
e tem que se amoldar aos seus ditames.
É que oculto em meio aos seus enxames
de insetos que pululam, e são milhões,
ela mantém ocultos os guardiões,
que não dispondo de meios motores,
os utilizam ali como vetores;
Protozoários plasmodiuns,em legiões.
Em seus baixios onde fervilham vidas,
que são as larvas de insetos e alevinos,
centopéias , lagartos e girinos,
de formas mil e multicoloridas,
contém em suas águas escondidas
enormes sucuris que ali espreitam,
suas prováveis presas e as estreitam
em seus anéis mortais e constritores,
e os jacarés , temíveis predadores
que sonolentos em suas margens deitam.
E os pequeninos sapos azulados,
cujo veneno mortal é fulminante,
liquida ali a vida , num instante
aos homens que por ele são tocados.
E ao anoitecer , vilões alados,
saem de ocos e cavernas onde dormitam,
são os morcegos hematófagos que habitam
por vastas regiões e são vorazes,
e que ao sugar o sangue são capazes
de matar com as doenças que transmitam.
As cobras peçonhentas , as “armadeiras”,
as “traçangas” , lacraias e escorpiões
Que protegem com dentes e ferrões
tal como a viúva negra e as tocaneras
As cabatatus , e as cabas-caçadeiras,
que com seus cúspides atacam decididas,
a perder em tal ação a própria vida
de forma valorosa e sem receio,
pois agem em proteção ao próprio meio,
ao qual se integram e vivem protegidas.
Se em covis e macegas ao dia somem,
saem nas noites escuras em caçadas,
enormes “jaguar - açus”, onças pintadas,
que a qualquer animal abatem e comem ,
e ante as quais é simples caça o homem,
e por sinal por elas apreciada
talvez por ter a carne assemelhada,
aos primatas que são bem mais capazes,
escapando-lhes aos instintos tão vorazes
por escalarem lépidos as ramadas.
Todos os seres por mim mencionados,
e que cruéis da minha pena emergem,
são fiéis guardiões , e só protegem
os tesouros ali depositados.
Tesouros estes já dilapidados,
pela ambição dos inescrupulosos,
que de formas terríveis, impiedosos,
em busca de fortunas tão fugazes,
destroem algo que não são capazes
de construir , embora que engenhosos.
São as espécies de frutas apetitosas,
de sabores exóticos , que permeiam,
as densas matam onde serpenteiam,
igarapés de águas sulfurosas.
São seivas , cascas e flores olorosas,
que colhidas e bem manipuladas,
poderão em cosméticos ser usadas
e sementes , folhas , frutos e raízes,
de diversos formatos e matizes
com os quais doenças podem ser curadas.
Em baixo do seu solo arenoso,
encoberto pelo húmus que a sustenta,
e que com a própria morte alimenta ,
esconde-se um subsolo portentoso
onde dorme um tesouro tão faustoso,
sendo causa primaz desta ruína
que se abate sobre ela , e à chacina,
de forma quase que irreversível,
modificando de modo já sensível,
o habitat do ser que a maquina.
A solução é simples e se revela,
na própria reação que a ação provoca,
porque a natureza recíproca,
o bem ou mal que provocamos a ela,
pois as forças telúricas que estão nela
fazem parte do UM , e estão ligadas
entre si , e sempre são usadas,
de forma UNA ,mas complementares,
que a um simples buraco que cavares,
em outros planos há FORÇAS implicadas.
Se pouparmos as florestas , e as cuidarmos,
qual cuidaríamos de nossas crianças,
talvez ainda as deixemos por heranças,
aquelas que nos restam , se as salvarmos
e num esforço conjunto replantarmos,
aquelas que destruímos , arrependidos,
e aos animais que mantemos detidos,
de bom grado ali os libertarmos,
talvez seja possível alcançarmos
o STATUS a que fomos CONCEBIDOS.