DO EXÍLIO VOLUNTÁRIO
I
Estamos em Epitácio*
Mas Epitácio não está em nós.
A cidade ficou pequena
Pra mim e pra tanta gente que se foi.
Saíram em busca do mundo,
De dinheiro, de um diploma,
Outros, como eu, se foram
Pela inércia.
Força essa que nos traz de volta
À plataforma da ribeira
Quando vemos o sol repousar
E os olhos se pondo
Há um peito arfante
Que, seqüencial, lamenta:
Estamos em Epitácio
Mas Epitácio não está em nós.
II
A única avenida subsiste,
Não prospera da mesma permanência, no entanto,
Os rostos conhecidos que nos cumprimentavam.
Conterrâneos que em sua própria terra
Sentem-se estrangeiros
E os semáforos atrasam
Nossa triste contrafé.
Se famílias não se ajuntam mais
Em frente das casas para prosear
Se os jovens não se divertem como antes,
Pouco importa, ora,
Não moramos em Epitácio.
E chega de saudosismo e hipocrisia!...
Embora não estarmos em Epitácio,
Nossa vida, sim, está lá.
* Trata-se de minha cidade natal, Presidente Epitácio, Estância Turística do Oeste Paulista, às margens do rio Paraná, na divisa com o Mato Grosso do Sul.
Minha querida Porto Epitácio. Minha dedicação.