DO EXÍLIO VOLUNTÁRIO

I

Estamos em Epitácio*

Mas Epitácio não está em nós.

A cidade ficou pequena

Pra mim e pra tanta gente que se foi.

Saíram em busca do mundo,

De dinheiro, de um diploma,

Outros, como eu, se foram

Pela inércia.

Força essa que nos traz de volta

À plataforma da ribeira

Quando vemos o sol repousar

E os olhos se pondo

Há um peito arfante

Que, seqüencial, lamenta:

Estamos em Epitácio

Mas Epitácio não está em nós.

II

A única avenida subsiste,

Não prospera da mesma permanência, no entanto,

Os rostos conhecidos que nos cumprimentavam.

Conterrâneos que em sua própria terra

Sentem-se estrangeiros

E os semáforos atrasam

Nossa triste contrafé.

Se famílias não se ajuntam mais

Em frente das casas para prosear

Se os jovens não se divertem como antes,

Pouco importa, ora,

Não moramos em Epitácio.

E chega de saudosismo e hipocrisia!...

Embora não estarmos em Epitácio,

Nossa vida, sim, está lá.

* Trata-se de minha cidade natal, Presidente Epitácio, Estância Turística do Oeste Paulista, às margens do rio Paraná, na divisa com o Mato Grosso do Sul.

Minha querida Porto Epitácio. Minha dedicação.

Elmer Giuliano
Enviado por Elmer Giuliano em 01/03/2008
Reeditado em 13/03/2008
Código do texto: T882609
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