Ancestral da fronteira
Guerreiro e desbravador
Gaúcho, aonde estás eu te vejo
No vulto de um improviso de pajador
Dividindo verves em relampejo
No culto de um causo enriquecedor
Além dos campos vastos de tua sintonia
Numa roda de chimarrão e galinha com arroz
Na importância do cusco e da prendinha
Quando a tarde boleia infinitos contrastes
Aguardo o floreio do cruzeiro do sul
E penso na história rica e pomposa
E lá imagino uma noite de festa e prosa
Onde escutaríamos tua violą
até o céu ficar azul
Atávico churrasco
A energia contagiante do fogo
A verdade, o amor e a consciência
Poder e necessidade em jogo
Carnivora forma de sobrevivência
Um processo de seleção natural
A proteína açucarada em combustível
Ser gaúcho é algo sobrenatural
Incurso no DNA ancestral irresistivel
Num consumo imensurável
Gastamos energia vital
Aagradar o irremediavel
A postergar o desditoso final
Rir, chorat, prosear e desbravar
Se puder amat, a fitar o imortal
Obra de um romance sem igual
O tempo e o vento
Traducao da saga gaúcha
E scrita pelo escritor imortal
M oldada na espada e na garrucha
P elas guerras da banda oriental
Do gaúcho maltrapilho e de roupa suja
E ncarnada pelo sangue ancestral
Ou branca pelo sangue nobre imperial
Vão-se os anos na efêmera luta
E rguem-se impérios e bandeiras
Na espera incessante da prenda viva
T rava-se o romance nas trincheiras
O Rio Grande se cria, no ạmor e na vigília