Hidra dos cativos

Os negros de minha hidra

Do Gurupi a Santa Helena

Deixaram as marcas seguidas

Da liberdade, à duras penas

Nos pântanos da resistência

De Turiaçu até Viana

Vejo nos rostos, as presenças

Dos heróis de pouca fama

São Benedito do Céu, amiúdes

De lares e um santo de preces

Refaz o Negro Cosme em vislumbre

Trazendo a paz que se deve

Assim surgiu a certeza

Na Viana de insurreição

A floresta assim se fez negra

Tribo de Jah, quero ouvir tua canção

Caçados como cães malditos

Entre feras e índios, então

Foi o preto assim escondido

A Lei Áurea tem sangue nas mãos

Pois, se um negro, assim em regresso

A polícia levou à prisão

Morreria n'algum poço aberto

Espetado por varas no chão

Das Palmares, uma última fronteira

Parauá, bem aí, se viveu

Os libertos por si. Que princesa!

Rei Estevão, existiu. Era seu

Pois, o negro triunfou, de fato

Na mesma era em que se descobre

Que ouro encontrou o mulato

E assim, n'algum tempo, o fez nobre

Jamari dos Pretos, São Benedito

Em teus quilombos posso ver

A Wuakanda em fantasia

No ideal que ainda se crer

Gualther de Alencar
Enviado por Gualther de Alencar em 27/10/2024
Código do texto: T8183237
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.