Nordeste

Ah, que alegria é falar do Nordeste,

Onde o sol nasce com alma agreste,

Um pedaço do Brasil tão pulsante,

Terra de gente valente e constante.

Das praias às serras, da caatinga ao sertão,

O Nordeste é canção que ecoa no coração,

Com o toque da sanfona em Luiz Gonzaga,

E o xote que o corpo a dançar embriaga.

“Sou filho das secas, sou forte, sou bravo,

Não temo o trabalho, sou rei do meu lar,”

Assim disse Patativa em seu canto mago,

E eu repito com o peito a vibrar.

Lampião, o rei do cangaço, corajoso e astuto,

Carregou no peito um Brasil impoluto,

Maria Bonita, ao seu lado, guerreira também,

Mostraram que o amor floresce no além.

Nas lendas que correm pelo vento ligeiro,

O Saci se esconde no mato inteiro,

E a Iara, encantada, nos rios a cantar,

Enquanto a Mãe D’Água faz o mar ondular.

“Vozes da seca”, ecoa o clamor,

Do nordestino que enfrenta a dor,

Como na poesia de João Cabral, o sertanejo,

É antes de tudo, um forte, que enfrenta o desejo.

Na festa junina, fogueira que arde,

Em cada quadrilha, um pedaço de saudade.

As fitas, os risos, a roupa de chita,

Mostram que o Nordeste nunca se agita… ele vibra, ele grita!

E não há como esquecer o cordel encantado,

Com versos rimados, o povo é cantado,

“A poesia é minha sina,

Sou de lá da Paraíba,” disse Leandro Gomes,

E o cordel floresce, raízes profundas em seus nomes.

Seja em Olinda, nos seus altos carnavais,

Ou nas ladeiras do Pelô, ancestrais,

O Nordeste é magia, força e tradição,

Que pulsa vibrante em cada canção.

“Ai que saudade d’ocê”, diz Elba, rasgando o peito,

Com saudade de casa, do amor perfeito,

No canto que embala o povo guerreiro,

Do sertão ao litoral, coração verdadeiro.

Viva o cabra que não se rende à seca,

Que faz da palma e do cacto sua reza profética,

Viva o Nordeste, onde a cultura é raiz,

Ser nordestino é, por si só, ser feliz!

Então, se alguém perguntar de onde sou,

Com o peito estufado, respondo, sem pudor:

“Sou do Nordeste, meu irmão, não me julgue à toa,

Aqui é força, amor e a luta boa!”