A alma do sertão: vida e labuta dos cassacos
Nos sertões vastos, sob o céu abrasador
erguem-se cassacos, de vida árdua e labor
moldados pela terra, pelo suor que brilha
almas resilientes, coração que cintila.
Cassacos, como animais das matas escondidas
carregam sonhos nos ombros, jornadas vividas
caminham com filhos presos aos passos cansados
enfrentam distâncias, destinos marcados.
Em novembro trinta e dois, calor implacável
trabalham milhares, força inquebrantável
são gonçalo surge, graças a esses guerreiros
dias de sacrifício, futuros inteiros.
Zé caíca, no trapiá sua era começa
nas obras do açude, cada gota é promessa
anos quarenta, com irmãos, na lida se rende
madrugadas silenciosas, sol nascente surpreende.
Cassacos de longe, na casa de força abrigados
acordam cedo, em busca de destinos traçados
Juvenal os guia, nomes de guerra adotados
cabaça d'água, sede em dias suados.
Às onze, no açougue, carne e farinha no prato
almoço em fogões improvisados, sem boato
intervalo breve, volta ao labor incessante
jantar às cinco, exaustos, semblante distante.
Às seis, retornam, vivências e sonhos partilham
luz fraca na vila, energia que brilha
às dez, a noite acolhe, brisa suave
rotina árdua, ciclo que nunca se agrave.
Em quarenta e dois, brota a esperança
na casa de força, uma nova aliança
pagamento esparso, aguardado com fervor
feira semanal, simplicidade e sabor.
Sete de setembro, ferramentas em mãos
tratores, caminhões, desfiles em procissão
Dr. Paulo Guerra, palavras inflamadas
cassacos constroem, barreiras superadas.
Alma de são gonçalo, nos registros floresce
sacrifício e coragem, tributo que enobrece
sertões do nordeste, lua conta histórias
heróis anônimos, moldando memórias.