Por um torresmo de memórias

O porco frito e a banha acontecendo

Eram apenas o desfecho de uma odisseia.

Pururuca nascia com a escolha do animal

Continuando no golpe de faca certeiro

Esguicho rubro e grito engasgado

Buscávamos não ver

Mas sem renunciar ao corpo

Que abatido ia sendo pelado e após dividido.

Aos quatro ventos as quatro patas

Uns pedaços iriam de cortesia aos vizinhos

Cultivo de melhor proximidade.

Eu menino requisitava algum pedaço,

Um rim, uma carne de pescoço

Para aproveitar as brasas de esquentar a água

E

Enquanto isso ouvir histórias de carneações passadas

Sempre as mesmas de meu pai.

Sabedoria decorada.

Pedaços de banha com couro ao tacho

Gordura extraída em latas colocadas

Logo nacos fritos de suíno

São abrigados na gordura farta

E suprirão as provisões roceiras por alguns meses.

Se grande o animal sobra para algum

Salame e outros defumados.

Dias de carneações começam muito cedo

E noite adentro não tem momento definido para acabar

Sobram corpos moídos e ainda muita gordura espalhada

“A mesa de madeira lavamos bem amanhã”.

A felicidade desses dias persiste nuns cantos

Quase sobreposta entre eletrônicos e rotina estafante.

Que saibamos sobreviver além do presente

E deglutir toda bagagem saborosa!