Na Alma do Sertão: As Pegadas de Getúlio Vargas
Há noventa e um anos, no sertão ardente,
Getúlio Vargas veio, vigoroso e valente.
Na pré-primavera de 1933, ele chegou,
As obras do açude, com olhos firmes, vistoriou.
Três anos antes, o poder havia tomado,
Das oligarquias, o povo fora libertado.
República Velha, café com leite desfeito,
Quatro décadas de domínio, pelo líder, desfeito.
José Américo e Juarez ao seu lado,
Desbravaram sertões, calor insuportado.
Estradas difíceis, um acidente no caminho,
Mas Getúlio seguiu, com força e carinho.
Na noite estrelada, chegou em São Gonçalo,
O Hotel Catete, recém-erguido, seu regalo.
A multidão ansiosa, o líder nacional queria ver,
O salvador dos pobres, que o Nordeste fez renascer.
Cumprimentou a todos, banhou-se com presteza,
Vestiu-se com as cores da Paraíba, com destreza.
Aracati soprando, vento do litoral,
Tomou seu chimarrão, no salão central.
São Gonçalo era capital, o Catete, palácio erguido,
Despachou com assessores, curioso olhar contido.
Naquela noite, o sertão não dormiu, vigilante,
Apreciando Getúlio, líder cativante.
Ao amanhecer, chimarrão em mãos, foi levado,
Por José Américo, ao paredão encantado.
A barragem imensa, obra de engenharia,
Getúlio, boquiaberto, em silenciosa euforia.
Trabalhadores do sertão, vigorosos e leais,
Sob o olhar do líder, mostravam seus ideais.
O sertanejo não foge à luta, não teme labor,
Sua força e honra, eram seu maior valor.
Após o café, seguiu a agenda com disposição e ousadia
São Gonçalo, Brejo das Freiras, sem pausa ou melancolia
Mais uma noite no Catete, e a histórica é marcante,
Partiu ao amanhecer, deixando saudade constante.
Retornou em quarenta, outra primavera acolhedora,
Enquanto a Europa sangrava na guerra aterradora.
O sertão da Paraíba, em lágrimas de regozijo,
Acolhia o presidente, com carisma e prestígio.
Primeira viagem à Paraíba, sertão acolhedor,
Vinte e um anos antes de seu trágico clamor.
Getúlio Vargas, eterno, na memória do sertão,
Líder querido, que conquistou o coração.