CORAÇÃO CABOCLO

Na vida, um cantinho

parado no tempo

Banzeiro, bafo de mato

Reza pra nos proteger

do mal olhado

E o cheiro de uma cabocla acalorada

É o que acalenta o sofrimento

De um homem que sobreviveu

A todas as agruras terrenas

Perder amigos e entes queridos

Ver empreendimentos definhando

Ter só farinha pra comer na boca da noite

E deixar amores partirem pra outras paragens

Tudo isso, todo esse peso afundado no peito

Um banho com manjericão, cuia mansa e um mergulho no igarapé levam pra bem longe.

Nossas lembranças e saudades

As lamúrias escondidas

A gente embala dentro do corpo

Sob um teto de palha

Descansa os olhos na curva que o rio faz lá longe e sorri

O riso que muitas vezes a vida tirou

Que a morte fez desdém

Por fim o peito vira igapó inundado de venturas.

Rojefferson Moraes

Rojefferson Moraes
Enviado por Rojefferson Moraes em 05/07/2024
Código do texto: T8100723
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