CORAÇÃO CABOCLO
Na vida, um cantinho
parado no tempo
Banzeiro, bafo de mato
Reza pra nos proteger
do mal olhado
E o cheiro de uma cabocla acalorada
É o que acalenta o sofrimento
De um homem que sobreviveu
A todas as agruras terrenas
Perder amigos e entes queridos
Ver empreendimentos definhando
Ter só farinha pra comer na boca da noite
E deixar amores partirem pra outras paragens
Tudo isso, todo esse peso afundado no peito
Um banho com manjericão, cuia mansa e um mergulho no igarapé levam pra bem longe.
Nossas lembranças e saudades
As lamúrias escondidas
A gente embala dentro do corpo
Sob um teto de palha
Descansa os olhos na curva que o rio faz lá longe e sorri
O riso que muitas vezes a vida tirou
Que a morte fez desdém
Por fim o peito vira igapó inundado de venturas.
Rojefferson Moraes