Clamor do sertão
Ó Deus, aqui nesta terra de solo trincado
Nossa sede não tem nome, tem pressa
Caminho faminto, o corpo prostrado
Tem faltado tudo, a fé é o que me resta
Ó Deus, clamo a ti noite e dia, podes ouvir?
Às vezes penso que estou delirando
Pisando em solo quente que só faz exaurir
As gotas que escorrem de mim, evaporando
Ó Deus, há muito não faço mais plano...
Tudo nesta terra tem se consumido
E quando chega essa estação do ano
Ficamos com o ânimo muito abatido
Ó Deus, tem carcaça para todo lado
Vegetação não mais se consegue ver
Anseio que sejas meu grande aliado
Diga aos céus para começar a chover
Ó Deus!... sacie nossa sede e fome!
Provê alimento para esse povo sofrido
A desesperança tudo consome
E tudo aqui tem se extinguido
Ó Deus, tem piedade de todos nós!
Quando fizeres cair a chuva milagrosa
Baterá em retirada o desalento atroz
E minha prece será tão, mais tão calorosa!...
*Nota: em homenagem ao povo guerreiro que vive e sobre(vive) em meio aos cenários mais desafiadores do sertão com as fortes secas.