Aos artista de Serra da Raiz
Nossa Serra tem talentos
Aos montes pra um só lugar.
Artistas de excelência
Nas artes que imaginar.
Teatro, música ou poesia.
O serrano tem maestria
No que quiser inventar.
Não podemos ver ir morrendo
A cultura que a gente tem.
Nem podemos só exportar
Essa riqueza, esse bem.
Precisamos valorizar.
Dar condições pra ficar.
Se não, não fica ninguém.
Alguns já nos deixaram
Pela morte, fatal sentença.
Mas outros se debandaram
Pr’onde sua arte convença.
Tanto povo nos deixou
Sem nem saber do valor
Que tinha sua presença.
Será que alguém se lembra
Do velho seu Salustino?
Sua ruma de mamulengos
Fazendo teatro fino.
Personagens de montão.
Macumbeiro, anjo, cão,
Pra divertir os meninos.
Que saudade das estórias
Ilustradas por Cajé,
Que ainda lia a mão
De quem tivesse essa fé.
Que falta faz o som alto
Da rabeca de Adauto
Tocando arrasta pé.
Que falta que faz agora
Severino de Renato,
Mestre na alvenaria
Artista no artesanato.
Fosse tijolo ou madeira
Esculpia em brincadeira
Dom inerente e inato.
Como esquecer Zé Raimundo
De engenharia a arquitetura.
O que imaginasse fazia.
Carro, moto e dentadura.
Dona Dulce no bordado,
Tricot e crochet bem prendado,
Na arte corte e costura.
Muito mais já nos deixaram
Nem adiantar falar,
Pois a homenagem que conta
É antes da morte chegar.
Por isso em atos massivos
Louvemos artista vivos
Pra gratidão demonstrar.
Não vamos perder mais tempo
Em reconhecer o valor
De tanto nome expoente
Como Geraldin Salvador.
Mestre do pé-de-bode,
Naquele forró de sacode,
Sanfoneiro de vigor.
E o maestro Jaelson?
Que belo serviço prestado!
Dedicou-se a vida inteira,
Tanto músico foi formado.
Nos conduziu em alvoradas,
Frevos, retretas e tocadas.
Sua regência é um legado.
Seu Belarmino Oliveira
Apadrinha a literatura.
Seus sonetos e cordéis
Patronos desta cultura.
O jovem Edson Ferreira
Que nas telas fez carreira
Em belo traço e pintura.
O amigo José Augusto
Filho de Dona Vitória,
Que tanto reconstruiu
Da nossa bela memória.
Não há nele limitação
Que o faça deixar a função
De guardião dessa história.
Muitos mais me vieram a mente
Mas não posso me prolongar.
O conselho fica dado:
Vamos tentar reparar.
Acabar com o anonimato.
Dar valor. Ser mais grato
Aos artistas do lugar.
E a vocês, caros artistas,
Cujos dons são sem igual,
Sigam firmes produzindo,
Brilhando até o final.
Perseverem em nossa Serra,
Pois vocês são desta terra
Patrimônio cultural.