Esmeralda translúcida

Nos teus rios de água doce, mergulhei!!!

E na tua clorofila me embebi, saboreei!!!

Adormeci à margem de um riacho delirante

Sob a luz de um sol ardente, febricitante...

 

Em sonho auspiciei demasiada

A fotossíntese na pele ressecada.

Imerso nas águas, um ser adulterino!!!

“Sirena amazônica” do sexo masculino.

 

Personagem sedutor nos festejos amazônicos

Lenda do folclore brasileiro, o boto cor-de-rosa!

Num ambiente enluarado, sereno e harmônico,

Engravida moça solteira, compromissada ou senhora.

 

Eita! menino endiabrado e de cabelos vermelhos!

guardião da floresta, protege plantas e animais

com muitos pêlos por todo o corpo

e desprovido de órgãos sexuais.

 

Castiga aquele que, contra a floresta conspira

Lenda do folclore amazônico, o Curupira!

E não sabemos se ele vem ou se ele vai...

Já que têm os pés virados para trás.

 

Cobra grande, boitatá e Caipora...

São outras lendas que o folclore incorpora.

Macunaíma, romance de um escritor brasileiro,

Um herói sem nenhum caráter, um fuleiro!

 

Pressinto então, zéfiros chuvinhosos do luar,

Que seu “corpo verdejante” teimava em exalar...

Deleitando os meus ouvidos ociosos

Como ária de encantamentos melodiosos.

 

E esse encanto prossegue a cantar,

Entoando os sons da bela madrugada,

Despertando com o mais límpido,

Suave e abrasador raio de sol.

 

Ainda sonolento, enternecido e inebriado

acalento-me na tua vegetação que suaviza a luz;

Vislumbro os caminhos desenhados por rios e riachos!

Versejando a natureza que facilmente me seduz.

 

E nesse acalento...

adormeço mais uma vez,

Refletindo açodadamente

Num misto de inconsciência e sensatez.

 

Conquanto em meus devaneios, eu a vi!!!

“Ah!! Amazônia imaculada e sublime!”.

Vejo sem falsídias tua paisagem opulenta

De cores infalsificáveis que desoprime.

 

E nesse estado de torpor febril, a mil!!!

divago em pensamentos e delírios irreais..

Um lugar de encantamentos e belezas sazonais

Que amalgama verdades com o inverossímil.

 

Vejam a pororoca!!!, natureza "vulcânica"

Com magnífico estrondar que nasce do amor

Entre as correntes fluviais

E as águas oceânicas.

 

Força e poder da mãe natureza

envolta na "erupção" das águas

Que arrastam os meus medos

E afogam minhas mágoas,

 

E que pela maviosidade

Do seu estrepitoso "canto",

Poetifico os meus pensamentos,

Declamando-te aos prantos...

 

Ah! Amazônia bela!!!

que brota do solo, mãe-terra,

Adubando este chão,

Ah! Amazônia gratidão!!

 

Verdecente algodão,

Devaneio sofreguidão,

Simbiose, serenidade ou ilusão!!!

Ah! Amazônia imensidão!!

 

Socorre-me em teus braços,

Oh! esmeralda translúcida.

Jaz!, meu corpo cediço,

Mas, minh'alma, lúcida!!!

 

Estou perdido, mas contente

Na infinitude ilusória da minha mente,

Sem receios, prossigo confiante...

“Ah!! Amazônia impoluta e fascinante!”.

 

Sigo alterando meus pensamentos

Por esta beleza natural

que me envolve,

E me faz voltar.

 

E me encontrar, para devanear,

ir pra lá e não mais voltar,

Reencontro pra ficar,

divagações sem hesitar;

 

Quimera sentimental!!

onde em ti eu me encontro!

Mas me perco a cada encontro

Nessa mata virginal.

 

Eis que despertei do sonho vividamente

De uma forma repentina e assustada...

Estarei eu são? Ah! Perdição...

Ah! Amazônia clandestina, devastada!!!!!

 

Por incêndios criminosos, no presente ou outrora!

Que queimam sem cessar o pulmão do mundo,

Desgraças engendradas de um comércio imundo,

Desídia que deixa órfãos, a fauna e a flora!!!!!!

 

São designíos agonizantes superados, diuturnamente

De uma beleza natural, de mata virgem e flores lindas

Que não se rende jamais a esses atos inconsequentes

Renasce oh! mãe terra!... como uma fênix, das cinzas!