ALIMENTO  SAGRADO

 

Todos os dias de madrugada, bem madrugadinha

Fizesse frio intenso ou somente a friagem que precede

As manhãs ensolaradas,

Depositando em cada folha de cada árvore

O frescor orvalhado do alvorecer.

Era uma mulher, preta de ganho,

Solitária, desde além distante mercava

O seu acacá fresquinho, na folha da bananeira.

Perene sabedoria,

Desde lá, do pé da ladeira, vaidosa ela vinha,

Vaidosa e faceira,

Solitária, vinha ela, apregoa, mercadeja

O seu acacá fresquinho, na folha da bananeira.

Anunciava a todos, aquela comida santa,

Sagrada dos Orixás, naquelas ruas estreitas,

naquelas estreitas ruas,daquela bela cidade.

Era um dia de manhã,  eram manhãs de uns dias,

cedinho, era muito cedo, uma mulher. preta de ganho,

(Perene sabedoria),

A todos oferecia, uma comida sagrada,

Era cedinho bem cedo, o acacá e seus enredos,

O acacá e seus segredos, ancestral sabedoria,

Era um dia que se foi, um dia,

sua voz distante eu ouvia...

Nas ruas e nas ladeiras, da cidade bela, Bahia.

Era uma mulher solitária, nas madrugadas mercava,

O alimento  sagrado, ancestral sabedoria.

Nas ruas, becos, vielas, da cidade velha, Bahia.

Todos os dias ela vinha, sua voz forte ecoava,

Nas mansardas e nos sobrados, pro povo e pra fidalguia,

Todos os dias ela vinha,vem hoje, vinha outrora,

Nos meus tempos de menina, nesta quadra da História

O alimento sagrado, ancestral sabedoria.

Casas grandes, ruas, pelourinhos,

mansardas,,becos, degredos

Bem quero,

Bem quereria, 

escaninhos da memória

da velha cidade, Bahia.

 

 

 

 

 

Fátima Trinchão
Enviado por Fátima Trinchão em 10/08/2023
Reeditado em 01/11/2024
Código do texto: T7858300
Classificação de conteúdo: seguro