égua, que terra é essa
que
terra é essa que
me faz pisar mais que
meu signo de terra.
que me faz artista
além
quem é Amapá
que terra tens
qual fio a conduz
tu que me deixas
banhado em teu rio
e eu me arrepio
tu que me deixas
pisar em tuas terras
e eu no medo
estremeço
tua chuva não me banha.
tua seiva,
Amapá,
em minhas mãos
não entranha
que terra
é essa
mereço do teu segredo
do beijo do teu povo
das tuas crenças
dos teus ritos
batuques
do choro
mereço teu solstício
égua
que terra é essa
que me faz escrever
se num sei nem de que terra
me sou
tu que tens
as dores
que doem:
feridas abertas
ainda assim
no invisível
da hemorragia
permaneces
bela
não sei por onde
aqui
andar
mas sei sentir.
sei escrever.
ver você,
Amapá
que terra
é
essa:
única
mista de tantos
dita dos quantos
boca do mundo
meio de canto
que te invadem?
capinam teu próprio
mato,
Amapá
onde já seu viu
homem cuidar
de terra
e nem mesmo
se auto capinar.
meu coração
é carne vida
memória viva
de frágeis palafitas
extraído o seixo
esse corpo
se desfez
ai, amapá
não se desfaz
terra de chuva
de sol
da dor
do sangue
diamantado
das pedras
movidas
do choro
calado.
é a terra
tua
quem
nos dá
Amapá
é na terra tua
quem nos traz o açaí
o nutrir
terra
aye
aye,
atotô baba
Obaluaye
Arroboboi
baba Oxumarê
aye
epa baba
Oxalá
aye
saluba
iya Nanã
Oya
Eparrey
iya Oya
Oke aro
baba Oxossi odé
ora ye ye o
iyá Oxum
Odoya
iya Yemenja
Kawó-Kabiyesilé
baba Xango
Ogunhê
baba Ogun
Laroye
Olùwá Exu
ago
me ensina a saber caminhar
salve às crianças
aos antigos
os antes
os passos
e o agora
salve
Amapá
terra vista apenas
de cima
Égua
que terra é essa
que nos pisam
invadem
e
fingem amar?