A CAMISA PUÍDA!

Quando criança ganhei uma camisa do Brasil na Copa de 82.

Era linda, era de algodão!

Um manto que cobriu meu corpo e aqueceu meu coração!

Foi em um Festejo de Santo Antônio de Borba.

Acho que meu avô comprou no “marreteiro”.

Trouxe toda embolada,

Em papel de embrulhar pão!

Quando eu desembrulhei:

Meus olhos brilharam, meu sorriso quase rasgou a boca,

e com a voz rouca,

chorei quando ela se puiu!

Mas aquela camisa puída,

Me deu muita alegria,

No campinho da beira do barranco,

Jogava bola todo dia,

De vez em quando um chute forte e a bola caia,

Lá no Rio ela ficava, todos olhavam curiosos,

Um pulava e buscava,

Parecia um Gol de placa!

Quando alguém a alcançava.

Não era o dono da bola! E nem bom de bola eu era!

Mas uma coisa eu sabia,

Com aquela camisa “canarinho”, o Kichute amarrado na canela.

Não poderia ficar de fora,

Eu e minha camisa amarela.

E aquela alegria de todas tardes !

A tristeza só aparecia, quando o sino da igreja batia.

Todos se benziam,

Na oração do Pai Nosso! E depois Ave Maria.

Sentávamos na beira do barranco, contemplávamos o horizonte, na mais linda paisagem,

Que até hoje levo a amizade,

Dos amigos que conquistei,

Saudades do futebol que no barraco eu joguei!

Agora não existe mais,

O barranco virou orla,

Os curumins não jogam mais bola!

E a minha camisa amarela,

Puída virou poeira, agora só resta a lembrança,

que naquele tempo de criança,

Ficaram em minha memória.

Gilmar Palheta
Enviado por Gilmar Palheta em 03/08/2023
Código do texto: T7852535
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