SOBREPOSTOS PELO TEMPO
O tempo passa e nos leva muita coisa
A juventude, o viço, o tino e a força
Mas de tudo o que mais desacorçoa
É quando a razão, vai ficando pouca
Não digo a razão da lucidez
Pois essa o tempo afina e acentua
Digo a de fazer valer sua vez
Nas decisões que a pouco eram tuas
Os filhos crescem, logo sabem de tudo
Viramos o passado, ultrapassados
E é deles por certo este mundo
E nós que os deixamos preparados
A grande ironia da vida, afinal
É que também já ansiamos pelo tempo
De assumir na vida o posto principal
Destronando os mais velhos, os avoengos
Digo ironia pois o mesmo tempo
Que passa sem dó nem piedade
Manoteia sem pena ou sentimento
E ensina, pela dureza e dificuldade
E por maior que fosse a ansiedade
Para assumir nosso lugar enfim
Percebemos, quando já é tarde
Que os “velhos” já sabiam o fim
Na presunção arrogante da mocidade
Onde a força, o tino, o viço e a juventude
Nos tolhe a visão, não deixa ver a verdade
Os velhos, a veem pela sabedoria em plenitude
Feliz do velho que aprende a ser resiliente
A concordar, guardar para si a mágoa
E viver para estender a mão docemente
Aos que pulam sem saber a fundura da água
E tem correnteza, além de profundo
O escuro e impiedoso viver e suas nuances
E se demora para descortinar o mundo
Mais fácil seria se dos velhos em relance
Pudessem aprender, antes de criticar
Pensar e repensar, antes de fazer pouco
Pois temos muito ainda a ensinar
Sobre esse mundo mágico, lindo e louco!!!!