PONTO DE PARTIDA
A minha oralidade
Não tem crase
Não tem frase
Gramaticalmente correta
É aberta
Para ao invento
É uma imensidade
De possibilidades
Um portento
Que promove a maneira
Peculiar
De se comunicar.
A minha oralidade
É mineira
É harmoniosa
É Guimarães Rosa
No Grande Sertão Veredas
“um sentir é do sentente
Mas o outro é do sentidor”
É coisa tanta que enreda
O filme da minha vida
É a sonoridade envolvente
Presente
No espírito sonhador
É um ponto de partida
Para um universo
Diverso
Com o vento a favor.
A minha oralidade
É sol que desponta
Entre a serrania
É libertária poesia
Nas paisagens alterosas
É cantiga de lavadeira
Na beira do rio
Rio que corre macio
Às vezes bravio
Talvez para o mar
É uai é sô
É trem bão dimais da conta
É seta que aponta
Para a simplicidade.