RESTINGAS

E na calmaria da hora da fome

O vento fabrica suas marolas

Nas águas de um Paranã

Que aos poucos é quebrada

Pela proa do casco

De um cabôco pescador

Mês de março, sol tinindo

Virou a madrugada faxiando

Mas o luar chegou mais cedo

Se embrenhou na restinga

Correu pelo chavascal

E um pirarucu porrudo!

Sumiu com o seu arpão

Sua salvação foi o espinhel

Tava "até o chibé!" de peixe

Hoje sua amada Maria...

Prepara aquele caldo branco

Tem pimenta de cheiro,

Favaca e chicória,

Farinha da roça nova,

Tem o tempero do amor

Tem curumizada tuíra

No assoalho de paxiúba

E uma mãe a tratar

Cambadas de tucunaré

E com seu riso acanhado...

Agradece a Deus tanta fartura

Amazonas! Terra do Zé, Do Antônio,

da Conceição e do Raimundo

Nossa pátria amada querida,

Amazonas, é amor pra toda vida.

>> “Aquele que renega suas raízes, / Fere sua honra e dignidade / Pois o berço que alimenta a vida, / É sagrado aos olhos do sábio.” F. R.