Mãos que criam
Mãos com cravos, calejadas
Mãos delicadas, refinadas
Mãos que pintam,
Mãos que bordam,
Costuram e tecem,
Mãos que florescem
E ressaltam a beleza
Da face maquiada.
Mãos que fazem nós, pontos e laços...
Mãos que se encontram
E que mesmo em curto espaço de tempo
Substituem os beijos e abraços.
Mãos que acenam a partida e a chegada
Dos filhos do sertão.
Mãos que enfeitam o cabelo
Ajeitam a gravata
Mãos que pedem em casamento
A pessoa amada
Mãos que escrevem com zelo
Alegria e o desmantelo
Coisas da mente e do coração.
Mãos de gente sofrida
Que vivem do barro
Que fazem balaio
Que da pedra da mármore traz a vida.
Mãos que traçam linhas paralelas
Retas, círculos e setas
Que ao final de tudo
Revelam ao mundo
A arte mais bela.
São mãos que moldam o Vale
Que passam a cultura
Como agulha
Que passa de fio a fio
E é repassada de pai para filho
E não há quem não fale
Que tal desenvoltura
Não ecoe por todo o canto
Assim como acalanto
De amor e ternura.
São mãos das lavadeiras
Das mulheres mineiras
Que através da sua cantoria
Demonstram ao mundo
Nosso folclore e tradição
São mãos que criam
São mãos que oram
Mãos que rezam
Mãos que a cada dia
Rogam a Deus por proteção.