NON DVCOR, DVCO
São Paulo, amanhece
anoitece, amanhece...
São Paulo conduz
para não ser conduzido.
São Paulo, sempre houve
em seus jardins suspensos
em seus monumentos frios
em suas avenidas dolorosas
em seu povo multicultural.
Decerto, São Paulo havia
nos lampiões da Direita
nos bondinhos de ferro
na igreja da irmandade negra
na elite do São Francisco.
Entretanto, instala-se o caos
sacolas passeiam na 25 de Março
ilegais trabalham nos faróis
capivaras povoam o Tietê
a plebe se instalou na Sé.
Da Santa Efigênia, vê-se
que a fumaça nunca se apaga
nos cachimbos da cracolândia;
dois meninos ferozes olham
alguns policiais fogem a pé.
São Paulo não está em Sampa
adeus, àquelas tardes gordas
dos intelectuais paulistanos;
adeus, bandeirantes nervosos
que não comandam mais...
Mas, afinal, seria assim:
Oswald em Paris, chora
Mário foge para a Glória
Tarsila canta Eugênia Câmara
último e maior amor de Castro.
Lembranças povoam
outro dia, outra aurora
outros bandeirantes vindos
de lugares tão diversos
ainda buscam se conduzir.