NON DVCOR, DVCO

São Paulo, amanhece

anoitece, amanhece...

São Paulo conduz

para não ser conduzido.

São Paulo, sempre houve

em seus jardins suspensos

em seus monumentos frios

em suas avenidas dolorosas

em seu povo multicultural.

Decerto, São Paulo havia

nos lampiões da Direita

nos bondinhos de ferro

na igreja da irmandade negra

na elite do São Francisco.

Entretanto, instala-se o caos

sacolas passeiam na 25 de Março

ilegais trabalham nos faróis

capivaras povoam o Tietê

a plebe se instalou na Sé.

Da Santa Efigênia, vê-se

que a fumaça nunca se apaga

nos cachimbos da cracolândia;

dois meninos ferozes olham

alguns policiais fogem a pé.

São Paulo não está em Sampa

adeus, àquelas tardes gordas

dos intelectuais paulistanos;

adeus, bandeirantes nervosos

que não comandam mais...

Mas, afinal, seria assim:

Oswald em Paris, chora

Mário foge para a Glória

Tarsila canta Eugênia Câmara

último e maior amor de Castro.

Lembranças povoam

outro dia, outra aurora

outros bandeirantes vindos

de lugares tão diversos

ainda buscam se conduzir.

NivaldoRibeiro
Enviado por NivaldoRibeiro em 24/04/2023
Reeditado em 02/01/2024
Código do texto: T7772037
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