“Eu e o Sertão

 

  Sertão, argúen te cantô,

  Eu sempre tenho cantado

  E ainda cantando tô,

  Pruquê, meu torrão amado,

  Munto te prezo, te quero

  E vejo qui os teus mistéro

  Ninguem sabe decifrá

  A tua beleza é tanta

  Qui o poeta canta, canta

  E ainda fica o que cantá.”

 

 Patativa do Assaré (1909 – 2002)

 Um dos maiores representantes da poesia Nordestina no Brasil.

 Natural de Assaré – Ceará

 Poeta popular, compositor, cantor e  improvisador brasileiro

 

 

POR TERRAS NORDESTINAS

 

Enquanto a vida

acontece

ancoro meu barco

no mar do nordeste

 

E quando o dia

amanhece

sigo sonhando acordado

como se nada soubesse

 

Enquanto o tempo

esvanece

preencho as horas

sem que nada me apresse

 

E quando o sol

do céu desce

a brisa passeia

e a tarde anoitece

 

Enquanto a madrugada

adormece

entre a realidade e o sonho

o mistério que não se conhece

 

E quando o sertão

de chuva carece

abro meu coração

rogo à Deus numa prece

 

Enquanto a terra

de verde se veste

o bode berra

e o sertanejo

ah, o sertanejo agradece

 

Enquanto a vida

acontece...

 

Claudio de Lima

 

 

“Agora Fabiano era vaqueiro,

  e ninguém o tiraria dali.

  Aparecera como um bicho,

  entocara-se como um bicho,

  mas criara raízes, estava plantado.

  Olhou as quipás, os mandacarus e

  os xiquexiques. Era mais forte que

  tudo isso, era como as catingueiras

  e as baraúnas. Ele, sinha Vitória, os

  dois filhos e a cachorra Baleia estavam

  agarrados à terra.”

 

 Graciliano Ramos – (1892 – 1053)

 Livro: Vidas Secas (clássico da literatura brasileira)

 Natural de Quebrangulo – Alagoas

 Romancista, cronista, contista, jornalista, político e

 Memorialista do século XX.

 

Nasci e vivi grande parte da vida em São Paulo.

Aos dezessete anos, nossa professora de Português

nos apresentou o livro Vidas Secas, de Graciliano

Ramos. E com ele me apresentou também o sertão

nordestino que eu conhecia apenas pelos mapas

didáticos. Anos depois assisti o filme Vidas Secas.

Hoje 50 anos passados, vivo no Nordeste

Brasileiro, mais precisamente na Paraíba, junto ao

mar. Terra de gente forte, resiliente, acolhedora,

alegre e generosa, a qual aprendi a amar.

 

https://iedamagri.files.wordpress.com/2020/02/vidas-secas-graciliano-ramos.pdf

 

Foto: Açude Carneiro – Município de Jericó

Sertão Paraibano

Tem capacidade para armazenar 31 milhões de

metros cúbicos de água.

 

 

 

Claudio Lima
Enviado por Claudio Lima em 19/02/2023
Código do texto: T7723166
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