OS REMARES DO RIO

 

O rio não espera o sol nascer para ganhar vida

Da mãe que não dorme ante a barriga sofrida

à criança que nasce experimentando o vazio

Do pai que se lança às águas escuras do rio

 

A fome pungente, o sangue latente, a poronga

que se acendem nas veias do ribeirinho guerreiro

A canoa perdida, a tarrafa que abraça, a pidonga

Das pinturas nas águas e as remadas: banzeiro

 

Não morrem quando anoitece as águas correntes:

tornam-se escuras, fomes caladas, estômago vazio

Família espera, herói que demora, lendas viventes

As onças temidas, as feridas, os remares do rio

Kélisson Gondim
Enviado por Kélisson Gondim em 23/05/2022
Reeditado em 07/06/2022
Código do texto: T7522060
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