Curitiba Blues

Gotas como notas de blues

Repetitivas, em tom baixo e melancólico.

A escravidão da chuva que permeia a alma.

Micro tons molhados... terceira gota... sétimo pingo...

Um lamento murmurado...

Um murmúrio macabro.

Mimos da cidade lamurienta,

macerando vontades de liberdade.

Em resposta, madurando ideias

Como um madrigal para uma Curitiba

menina-moça-mulata-mameluca malfadada pela chuva.

Que maliciosamente se infiltra, mancheias de pingos...

Maquiagem lambuzada de mel

Marmorizado azul de céu plúmbeo.

Libertando das amarras de máscaras

mudadas do politicamente correto.

Mezzosoprano, mezzotinto, mezzorima

Cidade de metades, micantes/esfumaçadas.

Rosário, migalhas de milagres, mingo de sol.

Dó, réstia de sol, mina de fábulas, sol lá, sina aqui.

Curitiba de miss, de missa, de miseráveis.

Missiva de miudezas. Modulações gotejantes.

Mofo de momentos. Mudez de mundos.

Música mutacionada em mediúnica mania curitibana.

Curitiba mimética, uma matula de estações diárias.

Meados de secos e molhados.

Sem medos ou melados, meia-noite, meio-dia

Melicanto de blues, com suas mênades e matulões.

Curitiba, de Leminski, de morcegos mordedores de histórias alheias.

De poemas e memórias. Mergulhando em melodias.

Mescla de metamorfoses ambulantes.

Enfim... Curitiba metafísica do blues.