Bairro Meu
A lua brilha no céu azul
deste canto desconhecido da América do Sul
É o Mandaqui e eu fico pensando:
O que Manda Aqui?
Sonhos, ambições, ganância ou status?
Dinheiro pode até não chegar
mas conduz o coração de muitos por aqui
Da janela do meu quarto observo o vai e vem frenético das pessoas
correndo de um lado para o outro na febre das fortunas
mesmo assim, parecem estar sem rumo
Será dores, frustrações, decepções, desilusões, falsas esperanças,
necessidade de se apegar a algo para crer, viver e lutar?
Sinceramente sei lá! Cada um sabe onde seu calo aperta
essa é a única coisa que sei
Prédios altos e cercados, ruas vazias, mas cheia de carros, selva de concreto e aço onde
até o clima sente o impacto do ambiente de individualismo, frio, indiferença e desconfiança
É preciso ser poético para poder enxergar a beleza num lugar onde a natureza
não inspira beleza
Ah Mandaqui!
Mesmo assim, gosto daqui pois,
cresci aqui, vivi a maior parte da vida aqui, aprendi e desaprendi várias coisas por aqui,
conheço cada canto, seus lemas e dilemas e qual é o esquema
Pequena, pobre, embora se ache rica, desconhecida, mas é o meu bairro
Agora chove, esfria e o céu azul dá lugar ao nublado no lado norte de São Paulo,
o poeta está sentado à mesa, com seu caderno velho e uma caneta
ligado que entre versos e estrofes a poesia Mandaqui!
(2022)