Minas Gerais
O ar de inverno.
Horizonte cor de ferro.
Silhueta de montanhas ao amanhecer.
Neblina baixa.
Prenúncio de Sol que racha.
Imagino a quantidade de mancebos,
aqueles de madeira e coador de pano.
As Donas Marias fazendo café.
Aroma de paz e simplicidade.
O galo canta e o cachorro late.
O risca fogo das ferraduras na pedra.
Não tem mais a Maria-Fumaça.
Mas tem a bagageira na estrada de terra.
O homem do campo com sua patrona de napa.
Nem amanheceu direito,
e o leite já espuma.
As galinhas fazem festa,
num balé sincronizado pelo milho.
O mineiro se benze.
Faz as preces centenárias.
O casario antigo abre as janelas
e se vai buscar o pão quentinho.
Porque é novo dia.
Vida que renasce.
Oh! Minas Gerais.
Publicada em "Versoterapia: antologia poética" - Página 188
Editora: Recanto das Letras (2020)