Curumim Pescador

No meu tempo de curumim

Não tinha luz elétrica

Nem água encanada

Cedo todos pra cama

A noite não se via nada

Era uma escuridão

A janta era servida as 7h da noite

As 6h da manhã, o pai nos acordava

Cada um com a missão

De cumprir sua jornada

Havia uma coisa que gostava

Era na beira rio pescar

Cedinho o caminho do Porto, eu descia

Com o remo, caniço e isca

Afim de abarrotar na pescaria.

Pegava aracú, mapará, bereré

Piranha, peixe agulha, piramutaba

Acará, arraia, pacú só de enfiada

Tucunaré, pescada, cara-acú

Peixe cachorro e sardinha de cambada.

Era uma festa na canoa

Havia peixes de todo tipo

O cardume passava desafiando

Era só jogar o anzol e fisgar

E os peixes pegando.

Depois que chegou a modernidade

Veio a luz elétrica

Agua encanada e TV 

Acabou a magia e o encanto

Curumim pescando nem se vê.

Manaus, maio/2021

José Gomes Paes

Poeta e escritor urucaraense.

Membro da Abeppa e Alcama