Alegre Epopéia
Ao leito do açude então nascido
Da cólera do homem escravizado
Tivera aí te soerguido
Ó casa-grande, fazenda de gado
Berço de crioli aplumado,
por onde sangra a lagoa,
pra embebedar outros rios
dar de banhar às pessoas
Tu nasceste das onças,
e alegre tornaste
Quando em tempo
mui gente te povoaste
Negros, brancos, de Livramento e Estanhado
Cearenses, flagelos da seca, e do Crato.
Se em teu céu formoso estampasse
nas alíneas, à vera, o fulgor
de teus filhos veriam o amor
que produzes naquele nasce
Se o penar do cabôclo findasse
Não findaria com ele a beleza
que no verde profuso, riqueza
ela pinta na fronte da face.
As vivendas de taipa nas matas
De teu povo sofrido emula
o casebre de barro das aves
Que ao homem em tudo simula
Subsiste do arado terreno fôsso
Do plantio natural, tua prole,
Nas veredas por onde corre,
para a figura de um homem moço.
Ó lagoa alegre, das gentes afins
Lagoa que à noite a alma desvenda
Lagoa Seca, da Serra e Cupins
Ó lagoa de água Serena.
Corre-te as águas sagradas
No arriba, abaixo, carpindo...
Travessa, como rindo
perde-se a poeira
no céu desmensurado
onde tudo de lindo foi botado
Para embelezar-te assim!