RIO GANDU

Quais avós não disseram que nas suas águas tudo se podia?

As panelas ariadas, as roupas enxaguadas, a diversão e a calmaria.

Quem nunca aproveitou sua riqueza era porque realmente não sabia

Das lembranças que mais aquecem meu coração, ficam os banhos com minha tia

Em dias ensolarados, cuja felicidade era garantia.

Ele era misterioso para além do dia.

À noite, havia o medo dos monstros que vovó dizia.

Mesmo assim, suas lendas não impediam a estripulia.

Para uma criança, ele era mais do que uma esperança, uma verdadeira alegria.

Nos dias chuvosos, sua fama crescia,

E isso devido a maneira como ele se expandia

Sem ser convidado entrava nas casas, e o que fazer? Não se sabia!

Mais forte nas épocas de chuva, ele tudo umedecia,

Ecoavam pela cidade gritos de socorro em demasia.

Dizem que seu auge foi quando ninguém o conhecia,

Largo, de águas fortes, uma linda bacia.

Sua beleza era tão grande que o jacaré-de-papo-amarelo aparecia.

Quem diria que um dia ele padeceria.

Samuel de Amaral Macedo
Enviado por Samuel de Amaral Macedo em 15/11/2021
Reeditado em 29/06/2024
Código do texto: T7386302
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