Cobra Sofia de Barcarena

Rema, rema sem parar

La vem cobra grande agitando o rio mar

Reza pra santa, abraça tua mulher

a boiúna vem urando, sacundindo a maré

Parece navio

Parece uma ilha

Parece um miritizeiro

É cobra grande seu moço

com seus olhos de luzueiro

Incadeia a visão da gente,

Arrepia o corpo inteiro de medo

Ja rezei,

Já chorei,

Perdi a cor!

Shim shim shim

O sasalhar do mato

Só pode ser ela descendo pro rio

ta vendo essas catreras?

Tudo isso é rastro dela

Uma vez meu tio,

Coitadinho!

Tava dormindo na canoa,

Acordou no susto com a boca da bicha quase na proa...

Ouvir dizer, e não é história à toa, não senhor!

Uma vez a cobra Sofia engoliu um pescador

Passou um...

Passou dois...

Passou três dias e ela o vomitou

Todo sujo, coitado! Ficou tão assustado que nunca mais pescou.

Sabe! essa cobra grande aqui de Barcarena, um dia já foi uma pequena que morava na vila de São Francisco.

Me disseram que o nome dela é Maria, mas pode chamar de Sofia...

Se você for corajoso pode ela desencantar

É só ir em uma noite de luar

A beira rio e...

Leva vela

Leva sal

Leva leite de peito

Um porrete

E coragem

Quando tu vê a cabeça da bicha

Pinga a vela

Derrama o leite na boca dela

E taca o porrete na testa

Se tiver medo

O encanto dobra

E a bicha vai ficar brava

Afunda barco

Come animais

Encanta gente

Engoli pescador

Hum! Te abicora, se  não a Sofia te devora.

Dália Feitosa
Enviado por Dália Feitosa em 20/10/2021
Reeditado em 20/10/2021
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