A LUTA DAS QUEBRADEIRAS DE COCO DO MARANHÃO




Não há luz atenuante e nem brilho de jasmim,
Naquelas pobres mulheres de labores sem fins,
Acordam cedo das redes, apagam as lamparinas,
Amolam os machados e vão pro mato com saquitéis.

Em busca de amêndoas de coco babaçu nas terras alheias,
Dos grandes latifundiários, pisando o solo das palmeiras,
Machado nas mãos, dedos decepados duma desventura,
Das máculas de uma geração sem terra, e sem educação.

Na labuta pela sobrevivência, dum mísero quilo de amêndoas,
Em troca de roçar a quinta ou pastos, às vezes levar uma surra,
Dos capangas, vaqueiros, gerentes e encarregados sempre afoitos,
Tomam – lhes os cofos de palhas como testemunhas os bem-te-vis.

Que nada podem fazer em defesa das mulheres quebradeiras,
São elas que passam o dia inteiro debaixo daquelas palmeiras,
Ouvindo os sabiás cantarem e os meus bem-te-vis revoarem.
Das terras dos fazendeiros que nem necessita do coco babaçu.

Ameaçam aquelas mulheres que buscam o próprio sustento,
Perseguições brutais acontecem nas terras dos meus cocais,
Pressões e violências físicas, de tudo podem se constatar e rever,
Naqueles matagais de cocais, crianças se sujeitam a quebrar,

As amêndoas do babaçu, se por acaso, ainda quiser viver,
Depois entregam a produção de um dia, por um quilo de farinha,
E muitas vezes, dez quilos de coco por apenas cinco reais,
Quem ganha são os atravessadores, que nada suaram pra quebrar.

Lá vem as metalúrgicas e por trás as siderúrgicas afugentar,
Compram o coco inteiro das fazendas somente pra queimar,
Estas empresas não querem investir no plantio remanejado,
As quebradeiras perdem tudo até suas rendas e ficam agonizadas.

São os conflitos de terras na busca das amêndoas do coco babaçu,
Aonde os olhos esmeraldinos do caboclo da roça vão se apagando.


ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 18/11/2005
Reeditado em 21/09/2011
Código do texto: T73241
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